quinta-feira, 13 de junho de 2013

“— Cê vai ficar comigo?
— Vou.
— A noite toda?
— É. Agora dorme.
(15 min. de silêncio)
— Mor?
— Fala.
— E se a ligação cair?
— Você já vai estar dormindo.
— E se eu tiver acordada?
— Você me liga de volta. Fecha os olhinhos.
— Tá.
(10 min. depois)
— Ei, amor, está aí?
— Tô, Dieni. Não vou sair daqui.
— E se o seu telefone descarregar?
— A bateria tá cheia.
— E se o meu descarregar?
— Perdeu o carregador?
— Não, mas eu tô no escuro.
— Dienifer, só dorme. Tá bom? Dorme.
(Meia hora depois, a respiração dela ainda podia ser ouvida)
— Dieni? Está aí?
— Tô, amor.
— Minha nossa senhora, cê não vai dormir?
— Acho que eu tô com medo…
— De ficar sozinha. Eu sei. Te conheço. Pois bem. Vou te ensinar uma coisa. Pega três travesseiros e coloca ao seu redor.
— Tá.
— Agora pega um lençol aí e os cubra. Direitinho.
— Ok, e agora?
— Agora fica deitadinha. Você tá no quadrado mágico da proteção. Fecha os olhinhos. Estou do seu lado, te abraçando, ok? Melhor agora?
— Muito melhor.
— Fico imaginando quando é que a gente vai poder dormir juntinho assim, sabe, Dieni. Eu tenho esse meu jeito marrento, mandão de ser, você sabe, mas eu sou pura manteiga derretida por dentro. Não consigo dormir enquanto você não dorme, tá ligada? Parece que qualquer coisa vai te acontecer e eu não vou estar por perto pra te proteger, sabe assim? E eu não suporto a ideia de alguma coisa atingir a minha pequena. É isso que você é, tá sabendo, Dieni? (silêncio) Dieni?
(Ele ouvia apenas a respiração lenta, quase inaudível da garota.)
— Ih, dormiu. — desligou o telefone e continuou falando sozinho, como que pra si — Missão cumprida. A princesa está salva.”

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